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Suprematismo

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 Fontes: Teorias da Arte Moderna - H.B.CHIPP,
Arte Abstrata - Mel Gooding
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Kazimir Severinovitch Malevich, (fevereiro de 1878 – maio de 1935) Kiev - Russia.




A arte do passado, que (pelo menos ostensivamente) estava a serviço da religião e do Estado, deve, na arte pura (e inaplicada) do Suprematismo, acordar para uma vida nova e construir um mundo novo: o mundo do sentimento... 

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 O que importava era o que não podia ser visto; a energia dentro das coisas, uma ordem superior de conexão entre fenômenos, invisível mas sempre presente no mundo perceptível, a energia espiritual abstrata que anima o universo. Os suprematistas entendem que os fenômenos visuais do mundo objetivo não tem, em si, qualquer significado; essencial é o sentimento como tal, completamente independente do meio em que foi evocado. A assim chamada "concretização" do sentimento na consciência significa basicamente a concretização da reflexão acerca de um sentimento através de uma concepção realista. Tal concepção realista não tem na arte do Suprematismo, mas na arte como um todo, pois o valor real, perene, de uma obra de arte (qualquer que seja a "escola" a que ela possa pertencer) está única e exclusivamente no sentido expresso.
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Figura feminina
O naturalismo acadêmico, o naturalismo dos impressionistas, o Cézanneísmo, o Cubismo, etc... todos eles de certa forma não passam de métodos dialéticos que entre si, de algum modo determinam o real valor de uma obra de arte. 
Uma representação objetiva (aquela que tem como objetivo a representação do concreto) é algo que em si, nada tem a ver com a arte; e não obstante, a utilização da objetividade em uma obra de arte não exclui a possibilidade de ela ser de grande valor artístico.
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Pablo Picasso - Les Demoiselles D'Avignon - apesar do grande salto, ainda apresenta o figurativo
Para o Suprematista, portanto, o meio de representação apropriado é sempre aquele que possibilita a representação tão completa quanto possível do sentimento como tal, e ignora o aspecto familiar dos objetos. A objetividade, em si, não tem qualquer sentido; os conceitos da consciência não tem qualquer valor. O sentimento é o elemento determinante... e dessa forma a arte chega à representação não- objetiva, ao Suprematismo. Chega a um "deserto", no qual nada além do sentimento pode ser reconhecido.

KAZIMIR MALEVICH


Precursor da arte abstrata geométrica 


"Quando no ano de 1913, tentando desesparadamente libertar a arte do peso morto da objetividade, eu me refugiei na forma do quadrado, e criei um quadro que nada era senão um quadrado preto sobre fundo branco, a crítica, e com ela toda a sociedade, assim se lamentou:

"Tudo o que amávamos desapareceu. Estamos num deserto... temos diante de nós um quadrado preto sobre um fundo branco! " 


Quadrado preto suprematista - 1914-15 Óleo sobre tela - 79,5 x 79,5 - Galeria Tretiakov - Moscou

A pintura reproduzida aqui é a primeira versão. Fazendo parte da coleção da Galeria Tretiakov de Moscou, ela é fragil demais para viajar. As entranhas irregulares da craquelure correspondem à configuração das formas geométricas coloridas de uma composição anterior escondida pelo quadrado preto, triunfalmente obliteradas por sua superposição. O preto aplicado de maneira tão decisiva, deteriorou-se tão rapidamente que Malevich teve de repintar o quadrado no início de 1920 usando uma tinta incompatível com a primeira camada, o que originou uma extrema instabilidade de sua superfície.
.Um quadrado preto. Não muito regular, ligeiramente inclinado. Escuro como breu, uma superfície betuminosa extremamente gretada: o mais famoso vazio da história da arte moderna. Confrontado com Quadrado preto suprematista de Malevich, de 1914-15, você faz a pergunta crucial: o que devo entender dessa imagem? E essa pergunta leva a outra: em que sentido isso é realmente uma imagem? Outras perguntas se seguirão, insistentemente, pois a arte abstrata nega muitas daquelas possibilidades de interpretação oferecidas por imagens figurativas; ela exige em vez disso um esforço da imaginação, uma resposta criativa. Em primeiro lugar, devemos estar preparados para olhar sem idéias preconcebidas nem preconceito, para romper com hábitos de expectativa, para responder diretamente às relações dinâmicas entre seus elementos visíveis de cor e de forma. Em segundo lugar, devemos olhar as relações entre essa obra e outras naquele discurso vivo da arte, entre artistas e entre artistas e seus públicos, que ocorre ao longo das gerações, recuando e avançando no tempo. Precisamos olhar: precisamos saber algo; e precisamos imaginar...
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“Eu me transformei no zero da forma e me puxei para fora do lodaçal sem valor da arte acadêmica. Eu destrui o circulo do horizonte e fugi do circulo dos objetos, do anel do horizonte que aprisionou o artista e as formas da natureza. O quadrado não é uma forma subconsciente. É a criação da razão intuitiva. O rosto da nova arte. O quadrado é o infante real, vivo. É o primeiro passo da criação pura em arte”


 Kasimir Malevich levou o abstracionismo geométrico à simplicidade extrema. Foi o primeiro artista a usar elementos geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar composições puras e cerebrais, destituídas de toda sensualidade.

Kazimir Malevich - quadrado preto e quadrado vermelho, 1915
Na década de 1920, ele esteve interessado em trabalhos que não se restringiam à pintura. Nesta época desenvolveu, junto com outros seguidores, desenhos em cerâmica e estamparias para tecidos, como mostra a imagem.
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Estamparia para tecido
Malevich criava objetos para a nova sociedade soviética, com a qual se sentia solidário. É o papel de cidadão que se junta ao de pintor. Nos modelos de chávenas e bules criados por ele, nota-se a presença indissolúvel do suprematismo, a influência marcante da sua grande obra, Quadrado Preto. 
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Bule
Kazimir Malevich também se envolveu em projetos arquitetônicos. Voltando-se para o espaço real - o espaço da arquitetura – seus projetos não eram planos perfeitos para edifícios ou fragmentos de cidades reais. Eles se chamavam “arquitetações” (Architekton) e se constituíam, muito mais, em versões tridimensionais de suas complexas composições suprematistas. Tais “arquitetações” serviam também para promover a idéia do artista como o planejador ideal da vida civil, da vida da sociedade.
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"Gota 1" - projeto de arquitetura


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2 comentários:

  1. Ele ousou levar a arte à sua representação de base, a mais simples. O objetivo não era simplesmente a obra por si mesma, mas o que ela provocava em termos de reflexão. Foi um artista corajoso, "desmontou" a arte para permitir que outros a recompusessem com novas regras. Acho que esta foi sua importância maior na arte do século XX.
    Excelente post, como sempre neste Espaço!
    Um grande beijo.

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